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Sugestão de um plano de ensino para a disciplina: Perícia contábil

Plano de ensino para a disciplina: Perícia contábil; plano de aula para a disciplina: Perícia contábil.

Autor: Wilson Alberto Zappa Hoog

 Resumo:

 
Em razão da importância da disciplina, Filosofia
Aplicada à Contabilidade, faz premente a necessidade de uma reflexão sobre um plano de ensino para esta disciplina.
 
 Priorizamos neste plano de ensino, a filosofia, pari passu, com a realidade contemporânea da contabilidade, logo, com a sua aplicação voltada tanto para o meio profissionalizante como para o acadêmico. E por este motivo apresentamos uma análise sobre os meios para se associar a filosofia na contabilidade, considerando para as unidades aulas os principais aspectos de evolução e a sua importância no desenvolvimento do pensar.
 
 
Deve ser prestigiada na aula, a importância do desenvolvimento das teorias e correntes de pensamentos contábeis, em que se encontra lançando as suas sólidas raízes no fértil terreno da filosofia contabilística.
 
             Priorizamos, ainda, neste artigo o fato de que o bom desempenho das aulas, ou seja, para as boas práticas de ensino, devem os professores, regular suas aulas em um método científico de ensino vinculado a filosofia.
 
Palavras-chave:
 
Plano de ensino para a disciplina: Filosofia
Aplicada à Contabilidade; plano de aula para a disciplina: Filosofia
Aplicada à Contabilidade.
 
Desenvolvimento:
 
O professor, assim como o instituto de ensino, deve transpirar confiança e estar comprometido com a verdade real, e jamais atuar sem a necessária e importantíssima independência e liberdade de cátedra.
 
A liberdade de cátedra é um princípio constitucional vertente do art. 206 da CF: O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios (…) II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas (…), que garantem aos professores o direito de livremente exteriorizar seus ensinamentos aos discentes, desde que garantida a qualidade da educação conforme dispõe o mesmo artigo da CF: O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios (…) – VII – garantia de padrão de qualidade, sem qualquer ingerência administrativa, exceto a possibilidade da fixação de um currículo escolar pela instituição de ensino.
 
A autonomia didático-científica das universidades vertente do art. 207 da CF, não interfere na liberdade de cátedra[1], somente na fixação de um currículo escolar básico. Diante disto, pode o professor livremente escolher e adotar a doutrina contábil que entender como sendo a melhor, ou seja, liberdade de juízo acadêmico; logo, nenhum professor será privado da liberdade de suas convicções filosóficas, conforme inc. VIII, art. 5° da CF, ou de sua livre manifestação do pensamento, inc. IV do art. 5° da CF, e também da livre expressão da atividade intelectual, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, conforme dispõe o inc. IX do art. 5° da CF.
 
Por este motivo, a pesquisa científica contábil levada a efeito pelos professores deveria ser prestigiada pelo governo, em atendimento ao art. 218 do CF, por estar voltada à solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional, sendo obrigação do Estado apoiar e custear a formação de recursos humanos na ciência contábil, incentivando as pesquisas e o desenvolvimento de tecnologia. Inclusive, o Estado tem esta viripotente obrigação, § 3° do art. 218 da CF, ou seja, de conceder aos professores pesquisadores os meios e condições especiais de trabalho. E não poderia ser diferente disto, pois a ciência contábil depende do espancamento científico e deste campo fértil e democrático para o seu desenvolvimento, pois, na hipótese contrária, todos ficariam cegos, surdos, mudos, diante da política contábil nacional.
 
E para o bom desempenho do ensino, bem como as boas práticas, deve o docente, da disciplina, conduzir suas aulas guiadas por um bom plano de ensino[2].
 
E como sugestão de um plano de ensino para a disciplina: Filosofia aplicada à contabilidade apresentamos a seguinte configuração didática:
 
1-)Título da disciplina: Filosofia aplicada à Contabilidade
 
2-)  Objetivos da Disciplina:
 
1.  Ensinar o aluno a pensar e não no que pensar;
 
2.  Propiciar aos alunos uma participação pela formulação de perguntas e respostas, possibilitando a expressão de opiniões e ideias;
 
3.  Debater a aplicação da filosofia na Ciência da Contabilidade;
 
4.  Desenvolver a capacidade de observação e crítica;
 
5.  Estimular o aluno a produzir ideias e defendê-las;
 
6.  Meditar sobre os temas com a ajuda de obras e orientação do docente;
 
7.  Propiciar ao discente a possibilidade de enfrentar ideias postas, para que da confrontação surjam subsídios para a formação de uma opinião científica;
 
8.  Desenvolver no discente a capacidade de interpretação e análise, com o fim de prepará-lo para enfrentar situações complexas mediante o estudo de situações científicas, reais ou fictícias;
 
9.  Compreender método e metodologia;
 
10.  Questionar os paradigmas e dogmas em decorrência do aumento da capacidade mental, mediante a possibilidade de discutir fenômenos em vários aspectos.
 
3-) Carga Horária: 40 horas
 
4-)  Perguntas Motivadoras para o Estudo da Filosofia
1) Por que estudar filosofia?
 
2) Como desenvolver a sensibilidade científica e utilizá-
-la para se interpretar os fenômenos patrimoniais (atos e fatos)?
 
3) Como desenvolver um espírito crítico em relação a gestão patrimonial? Crítica (a chamada construtiva) é uma função eminentemente científica de um comentarista sobre determinado tema, com o propósito de informar e revelar à coletividade a verdade real sobre o tema e coisas analisadas, com uma perspectiva não só descritiva, mas também avaliatória. Um dos tipos mais comuns de crítica é a crítica literária, que se dedicada a analisar livros.
 
4) Como criar pundonor em relação às ciências?
 
5) Como desenvolver uma sensibilidade científica que busca melhorar a eficiência dos diagnósticos sobre a situação econômica, financeira e social das células sociais?
 
5-) O Conteúdo das Unidades Aulas
Apresenta-se uma proposta para um conteúdo base às unidades aulas que são considerados essenciais para o desenvolvimento do aprendizado dos discentes.
 
UA 01 a importância da filosofia para os contadores e em seu sentido e alcance
 
UA 02 a filosofia voltada para a ciência da contabilidade
 
UA 03 a teoria pura da contabilidade
 
UA 04 regime principiológico da contabilidade
 
UA 05 a filosofia como base para a implantação de um mode-
lo internacional de padronização dos registros e relatos contábeis
 
UA 06 ética, a moral e a diceologia aplicada aos contadores
 
UA 07 teoria do valor e da essência sobre a forma
 
UA 08 filosofia moderna e metodologia aplicada à contabilidade
 
UA 09 questionamentos filosóficos
 
UA 10 os filósofos mais renomados
 
UA 11 a filosofia contábil pela via da metanoia
 
UA 12 a filosofia contribui e estimula à práxis do uso de conceitos.
 
6-)    A Avaliação do Aprendizado
A avaliação do aprendizado representa um critério, quiçá, subjetivo e aferir o aprendizado, bem como, determinar a respectiva nota.
 
6.1-)  Produção de Artigo Científico
São as pesquisas acadêmicas que apresentam resultados sucintos de uma investigação realizada de acordo com as normas de produção científica de cada escola e aceito pela comunidade de pesquisadores. Em geral, é produção de 8 laudas ou menos.
 
6.2-)  A Defesa Oral de Artigos Científicos, Utilizando para Tal os Recursos da Retórica
A defesa oral é a oportunidade de se mensurar o quanto sobre o assunto foi assimilado pelo aluno, além de prepará-lo para a vida profissionalizante, uma vez que exigirá a habilidade de defesa do profissional de contabilidade.
 
6.3-)  Debates Científicos em Equipes de Alunos, com Temas Tais como
1) a comparação dos princípios de contabilidade da ciência da contabilidade com os da política da contabilidade;
 
2) teoria pura da contabilidade com o neopatrimonialismo;
 
3) a ética com a moral; a de deontologia com a diceologia entre outras comparações filosóficas possíveis, que são muitas.
 
E para a preparação desta avaliação deverá o professor pela via do método socrático, preparar os alunos para pensarem por si mesmos, para a preparação do momento do debate.
 
6.4-)  Teste de Verificação
O teste de verificação deverá ser individual e pode representar 40% do montante da nota, pode ser na modalidade de escolha de alternativas. Pode o aluno efetuar consulta em seus livros e apontamentos.
 
7-)    Atividades Didáticas
As atividades são formadas pelos meios usados pelo professor para que os alunos vivenciem as experiências necessárias ao desenvolvimento das habilidades, fazendo com que a aprendizagem seja a mais expressiva possível. Buscam as investigações, o processo de integração e a cooperação entre os discentes.
 
8-)      Método de Ensino
O método de ensino pode ser o expositivo, que é aquele em que professor apresenta conceitos, princípios, experiências, teorias, teoremas, axiomas, deduções ou afirmações, a partir dos quais os alunos devem tirar conclusões ou refletir sobre as consequências da aplicação deste conhecimento.
 
O docente controla o desenvolvimento da aprendizagem por etapas, unidades aulas, ou ciclos de iniciação à aprendizagem, perguntas-resposta e avaliação.
 
A estrutura da apresentação da aula é deveras importante para o sucesso deste tipo de educação, pois o sucesso da aula depende do modo de percepção que os discentes alcancem da apresentação do assunto.
 
O professor deve, em cada item da aula, solicitar a participação dos alunos para verificar se estão acompanhando e compreendendo o conteúdo da aula, além de possibilitar que eles demonstrem os seus pontos de vista que, nessa etapa, têm o papel de provocar debates e afastar eventuais dúvidas.
 
9-)      Técnicas de Ensino
As técnicas de estudo que recomendamos são estudo de casos, debates e pesquisas bibliográficas nelas incluídas o fichamento, cuja sugestão segue.
 
9.1)      Estudo de casos
Um estudo de caso consiste no ato de um professor acompanhar os alunos em inspeções rigorosas e disciplinadas de uma situação, o caso em estudo. Caracteriza-se pelo esforço dos alunos em descrever o caso de uma forma ampla. Pretende-se, com o estudo, que os alunos descubram, pela sua maneira de entender e interpretar a situação em análise, a aplicação prática dos conhecimentos ensinados, pois estes deverão ser aplicados pelos alunos na solução do caso.
 
9.2)      Debates
Um debate é uma discussão entre dois ou mais grupos de alunos que colocam suas ideias em relação a um tema, e na medida em que podem discordar das ideias opostas, podem também conseguir fazer prevalecer as ideias do seu grupo ou ser convencidos pelas opiniões opostas. Geralmente debates são empolgantes, por serem considerados uma prática saudável, onde os alunos podem ver vários lados de uma mesma questão. Para um bom debate é necessário: um moderador, que pode ser o professor, que é quem dita as regras e apresenta o tema a ser discutido, apresenta os debatedores, estipula o tempo de cada um, avalia os argumentos, inicia e encerra a discussão. Os debatedores que são os defensores das ideias ou da proposta do debate. O moderador é o crítico, é quem se pronuncia sobre o assunto, com conhecimento em profundidade maior que a dos debatedores, pois se espera que um comentarista tenha grande conhecimento sobre o assunto em que se manifesta publicamente, e pode ser também um profissional do mercado ou um professor que não é o da turma. E os ouvintes do debate, que são os demais alunos, devem, no devido espaço de tempo, fazer perguntas ou prestar contribuições adicionais às apresentações.
 
9.3)      Pesquisas bibliográficas e o fichamento de obras
A pesquisa bibliográfica é uma etapa fundamental ao processo de elaboração de um trabalho científico, consiste no levantamento, escolha e seleção de obras.
 
O fichamento é uma maneira racional do controle das consultas e informações sobre livros ou documentos, através da elaboração de fichas, onde consta um resumo das informações relevantes sobre o texto lido; devem também constar os elementos essenciais da leitura, que identificam a obra, sendo eles: nome do(s) autor(es), título da obra, edição, editora, local e ano de publicação.
 
10-)     Bibliografia básica para a disciplina
1) Filosofia aplicada à contabilidade. Curitiba: Juruá, 2013.
 
2) Moderno Dicionário de Contabilidade. 8 ed. Curitiba: Juruá, 2013.
 
3) Uma coleção de obras de filosofia que esteja disponível na biblioteca da instituição de ensino.
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
Os valores da filosofia estão em vários ramos do saber científico humano. Entre eles naturalmente encontra-se e avulta-se a ciência da contabilidade, que pode ser explicada pela importância dada aos aspectos argumentativos e críticos para se formar os conceitos das coisas, que são utilizados nos enfrentamentos das questões que envolvem a descoberta e a verdade real, pois o conhecimento é construído por meio de inspeções das coisas, do debate (teses e antíteses) e de argumentações.  Os debatedores devem estar sempre acessíveis a novas ideias e descobertas.
 
Devem as premissas estabelecidas para o exame filosófico, se submeterem ao crivo da lógica, para se validar uma conclusão, uma teoria contábil ou um teorema. Sendo que no contra polo dos filósofos, temos os sofistas com seus sofismos[3], tais como: Protágoras e Górgias[4], que a princípio pregavam que não existe uma verdade real ou absoluta, e sim uma verdade relativa, que é construída pelos fatores persuasivos de um discurso, logo a verdade pode ser construída à luz de interesses pela dialética e não revelada ou constatada por um método científico.
 
Em uma síntese final da visão filosófica aplicada a contabilidade, apresentamos que a espécie “ciência” descreve a contabilidade como ela é. Enquanto a espécie “política” prescreve como deve ser a contabilidade. Motivo pelo qual a contabilidade apartada da política contábil, portanto, ciência pura, é um referente para fins de estudos avançados da contabilidade e consequentemente dos seus princípios para a formação de uma melhor doutrina.
 
E por derradeiro, ”a filosofia contabilística é o conhecimento que provoca e adiciona valor a carreira de um contador. Portanto é um conjunto muito complexo de conhecimentos da ciência que gera o pensamento da contabilidade, pois envolve as riquezas, as pessoas, as teorias e a vida social em que estão inseridas. Como exemplo, tem-se as figuras das verdades: a verdade relativa, a verdade real e a verdade formal. Necessário se faz, conhecer a teoria pura da contabilidade, portanto, tem-se a busca de uma compreensão bastante precisa e profunda da ciência contábil, e do conhecimento obtido a partir do estudo da filosofia contábil, para se desenvolver na vida profissionalizante com uma visão crítica científica[5].”
 
[1]    Por “cátedra” entendemos como sendo o cargo ou a função de docente; logo é, o professor de disciplina de nível universitário, ocupado por professor titular, adjunto, ou assistente.
 
[2]  Este plano de ensino é uma reprodução in verbis do nosso livro Filosofia aplicada à contabilidade. Capítulo 14. Editora: Juruá 2013.
 
[3]  Sofismas são os raciocínios falsos, mas que se apresentam com coerência para poder induzir pessoas ao erro. E por este sentido, é usado para indicar algum pensamento como sendo típicamente pejorativo.
 
 
 
[4]  Protágoras e Górgias, foram retóricos e formaram a primeira geração de sofistas gregos do século V a.C.
 
 
 
[5]   HOOG, Wilson Zappa, Moderno Dicionário Contábil. Editora Juruá, 7. ed. 2012.
 
Informações sobre o autor e o seu currículo, podem ser obtidas no seu sítio eletrônico: www.zappahoog.com.br.