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O que você advogado precisa saber para não ter prejuízo ao fazer indicações e parcerias

Especialista em finanças, mostra que fazer o cálculo correto do custo médio do processo é determinante para garantir lucro na advocacia

Autor: Beatriz Machnick e Ives Gandra da Silva MartinsFonte: Icnex

Parcerias e indicações na advocacia são práticas comuns que visam unir especialistas de diferentes áreas ou combinar marcas para oferecer um serviço de qualidade aos clientes. Beatriz Machnick, especialista em finanças, destaca a relevância dessas colaborações, mas faz um alerta: "Parceria é quando todos ganham", diz. Antes de formalizar qualquer cooperação que envolva percentual da ação em indicações ou remuneração de advogados internos, Machnick enfatiza a necessidade de uma análise criteriosa para garantir a viabilidade financeira para todas as partes envolvidas. O primeiro passo, segundo ela, é calcular o CMP, ou Custo Médio do Processo do escritório.

“É crucial compreender que o sustento a longo prazo de um escritório de advocacia não deriva apenas do faturamento, mas do lucro gerado por cada processo. No entanto, é comum que este lucro seja consumido integralmente caso os percentuais de remuneração não considerem todos os custos e despesas associados”, explica Beatriz.

Segundo ela, o cálculo do CMP não se limita às custas judiciais, mas abrange todos os gastos necessários para manter o escritório em funcionamento, bem como os custos gerados por cada processo ativo. Isso inclui impostos, despesas de impressão, deslocamento, estrutura, limpeza, salários dos funcionários, entre outros. E esses cálculos podem ser feitos em um simulador do Excel.

“Para realizar essa avaliação, é fundamental manter uma planilha atualizada que registre todas as despesas mensais e a quantidade de processos em andamento. Além disso, é necessário considerar o valor da hora do advogado, pois o trabalho dedicado a cada processo também representa um custo”, afirma.

A especialista alerta para a diferença entre a quantidade de processos ativos e a quantidade de processos em movimento, pois esta última demanda tempo e recursos adicionais.

“Se um escritório tem uma despesa total mensal de R$ 30 mil e movimenta 200 processos, cada processo custará R$ 150 mensais para a estrutura do escritório”, exemplifica. Machnick ressalta que é essencial multiplicar o CMP pelo tempo que cada processo permanece ativo no escritório, levando em conta possíveis despesas adicionais, como impostos gerados na emissão da nota fiscal em caso de êxito do processo. Ignorar esses cálculos pode resultar em prejuízos financeiros significativos para o escritório, especialmente se uma ação não for bem-sucedida.

“Nos atendimentos que faço em escritórios de todo o Brasil, mostro a importância de realizar uma análise detalhada antes de fechar parcerias ou indicações na advocacia. Embora essas colaborações possam trazer vantagens, é fundamental garantir que todos os envolvidos estejam cientes dos custos de que as decisões sejam baseadas em dados concretos!”, finaliza.

*Beatriz Machnick (@biamachnick) é professora, contadora, especialista em Controladoria e Finanças, mestre em Governança e Sustentabilidade. CEO e fundadora da BM Finance Group com sede em Curitiba e presença nos 26 estados do Brasil. Pioneira da metodologia de Formação de Preços na Advocacia com a tríade dos livros de gestão na advocacia: Gestão Financeira na Advocacia - Teoria e Prática (2020), Valorização dos Honorários Advocatícios – O Fortalecimento da Advocacia através da Gestão (2016) e Honorários Advocatícios – Diretrizes e Estratégias na Formação de Preços para Consultivo e Contencioso (2014). Professora na Escola Superior da Advocacia e na Ordem dos Advogados do Brasil.